Por que a Islândia quase baniu os bancos — e a Suécia quase baniu o dinheiro físico?

Por que a Islândia quase baniu os bancos — e a Suécia quase baniu o dinheiro físico?
Quando dois países opostos mostram que o dinheiro pode (e deve) mudar. — Imagem/Canva

Enquanto boa parte do mundo tenta manter o sistema financeiro funcionando como sempre, dois países do norte da Europa decidiram desafiar a lógica do dinheiro.
Mas fizeram isso por caminhos opostos:

📉 A Islândia quase deu adeus aos grandes bancos.
📱 A Suécia quase disse tchau ao dinheiro em papel.

Motivações diferentes, momentos diferentes — mas o mesmo pano de fundo: uma vontade coletiva de repensar o papel do dinheiro na sociedade.

O que isso nos diz sobre o futuro? E por que o Brasil deveria prestar atenção?

Islândia: o país que quebrou e não se calou

Em 2008, enquanto os Estados Unidos enfrentavam a crise do subprime, a Islândia viveu um colapso ainda mais radical.
Três dos maiores bancos do país quebraram. O sistema bancário inteiro desmoronou — e com ele, a confiança da população.

Mas ao contrário de muitos países, a Islândia não salvou os bancos.
Pelo contrário: deixou falir, prendeu banqueiros e questionou o próprio modelo de sistema financeiro baseado em especulação.

Houve um movimento forte na sociedade por algo mais radical:
👉 Transformar bancos em serviços públicos essenciais, controlados pelo Estado.
👉 Proibir a criação de dinheiro por bancos privados (algo que eles fazem ao conceder crédito).

Ou seja: quase baniram os bancos como conhecemos.
A ideia? Um sistema mais transparente, menos ganancioso, voltado à economia real.

Não foi totalmente implementado, mas a proposta chegou ao Parlamento e foi debatida com seriedade.
E deixou uma marca: o dinheiro é uma construção — e pode ser reconstruído.

Suécia: o país onde o dinheiro em papel sumiu

Enquanto isso, do outro lado do mapa nórdico, a Suécia foi em outra direção.
Por lá, não foi crise que motivou a mudança — foi conveniência.

Em poucos anos, a Suécia se transformou no país mais próximo de uma economia sem dinheiro físico.

  • 9 em cada 10 transações são digitais

  • Muitos comércios não aceitam mais cédulas nem moedas

  • Até igrejas e vendedores de rua usam QR Code ou Swish (app de pagamento)

O movimento foi tão rápido que o governo e o Banco Central precisaram intervir para garantir que ninguém ficasse para trás — especialmente idosos, imigrantes e pessoas com acesso limitado à tecnologia.

A pergunta por lá virou:
👉 E se o dinheiro físico desaparecer totalmente, quem controla o sistema?
👉 Como garantir privacidade, acesso e soberania monetária em um mundo 100% digital?

Ou seja, mesmo num modelo oposto ao da Islândia, a inquietação com o sistema financeiro também está presente.

Dois caminhos, uma mesma pergunta

Apesar das estratégias diferentes, Islândia e Suécia enfrentaram a mesma questão central:

Para quem o sistema financeiro realmente funciona?

A Islândia reagiu à ganância.
A Suécia, à ineficiência.

Em ambos os casos, houve uma tentativa — explícita ou implícita — de retomar o controle do dinheiro como ferramenta pública, e não apenas privada.

E se o dinheiro não fosse neutro?

Esses dois exemplos mostram o que quase ninguém discute:
dinheiro não é neutro.

A forma como ele circula, quem o emite, como é rastreado, quem lucra com os juros, quem é incluído ou excluído — tudo isso é decisão política, econômica e cultural.

A Islândia mostrou que é possível desafiar os bancos.
A Suécia mostrou que é possível desafiar o papel do papel.

E ambos os países provaram que o futuro financeiro não precisa repetir o passado.

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