O Diabo Veste Prada e a lógica do trabalho tóxico: O que mudou?

O Diabo Veste Prada e a Lógica do Trabalho Tóxico: O Que Mudou?
Anne Hathaway, Meryl Streep e Emily Blunt em 'O Diabo Veste Prada (2006) — Imagem/Divulgação.

Quem assistiu O Diabo Veste Prada sabe bem: aquele salto alto correndo na redação, os e-mails respondidos a qualquer hora, o chefe impossível e a ideia de que “sofrer” no trabalho é um sinal de sucesso.

Na época, o filme virou símbolo de uma geração que aprendia a associar status à exaustão — e que via no sofrimento profissional quase um “rito de passagem” para chegar ao topo.

Mas… será que hoje essa lógica ainda faz sentido?

Neste texto, vamos analisar como O Diabo Veste Prada expõe a cultura do trabalho tóxico, o que mudou de lá pra cá (se é que mudou), e por que cada vez mais pessoas estão dizendo não à glamourização do burnout.

O Diabo Veste Prada: muito mais que moda

Lançado em 2006, o filme é baseado no livro homônimo de Lauren Weisberger e mostra o dia a dia de Andy Sachs, uma jornalista em início de carreira que aceita trabalhar como assistente da poderosa Miranda Priestly, editora-chefe da revista Runway (inspirada na Vogue).

O que parecia uma oportunidade dos sonhos se transforma num pesadelo de jornadas intermináveis, pressão constante e a sensação de que nunca se é “bom o bastante”.

Mesmo com críticas à cultura corporativa, o filme foi interpretado por muitos como um retrato aspiracional — como se aquele sofrimento fosse necessário para “vencer na vida”.

A glamourização da exaustão

Por muitos anos, trabalhar demais foi sinônimo de orgulho. Frases como:

  • “Quem quer, faz acontecer”

  • “Enquanto você dorme, alguém está trabalhando”

  • “Trabalhe até que seus ídolos se tornem seus rivais”

Esses lemas alimentaram uma cultura de workaholismo onde descanso era visto como fraqueza — e esgotamento era normalizado.

O Diabo Veste Prada virou quase um manifesto inconsciente desse modelo, onde o brilho da carreira justificava qualquer sacrifício pessoal.

E o que mudou desde então?

De lá pra cá, muita coisa começou a mudar — ainda que aos poucos. A chegada das redes sociais, a pandemia, o aumento dos casos de burnout e o surgimento de movimentos como o quiet quitting colocaram o tema em pauta.

Hoje, cada vez mais profissionais questionam:

  • Vale a pena trocar saúde mental por um crachá de prestígio?

  • Reconhecimento sem equilíbrio ainda é sucesso?

  • O que define uma carreira “bem-sucedida”?

A resposta está mudando. E o mercado — ainda que devagar — começa a responder.

O novo profissional não quer só salário

O novo perfil de trabalhador valoriza:

  • Flexibilidade

  • Respeito aos limites pessoais

  • Propósito e cultura organizacional saudável

  • Liderança empática

Não basta mais ter um bom cargo ou salário alto. Se o ambiente for tóxico, a tendência é o talento ir embora — algo impensável na época de Andy Sachs, que aguentava tudo em nome de uma “grande chance”.

Se O Diabo Veste Prada fosse hoje…

Talvez Andy não aceitasse aquele emprego. Ou talvez aceitasse, mas colocasse limites. Miranda Priestly teria que repensar sua liderança — ou correria o risco de ver sua equipe debandar.

Em 2025, mais do que nunca, trabalho precisa ser sustentável, e sucesso não combina com esgotamento crônico.

Podemos concluir que...

O Diabo Veste Prada continua sendo um clássico, mas hoje é visto com novos olhos. Aquilo que foi romantizado como ambição agora é reconhecido como um alerta sobre relações de trabalho abusivas.

A lógica do trabalho tóxico está sendo desconstruída. E ainda que nem tudo tenha mudado, estamos, finalmente, aprendendo que o caminho até o topo não precisa passar pela exaustão.

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